Força verde-amarela no front - Parte 3

O "covarde" que se agigantou

QUEM: GERSON MACHADO PIRES

NASCIMENTO: RIO DE JANEIRO ( RJ)

ONDE ATUOU: MONTE CASTELLO E MONTESE (ITÁLIA)

POR QUE É HERÓI? SALVOU ESQUADRÃO DE BLINDADOS

O tenente Gerson Machado Pires foi à guerra como voluntário. E teve uma grande participação nas batalhas de Monte Castello e Montese, as mais importantes da Força Expedicionária Brasileira (FEB) na Itália. Pires admitia que tinha medo de se acovardar na hora do combate. Isso nunca aconteceu. No ataque a Monte Castello, seu pelotão teve três baixas instantâneas. Os soldados foram mortos pelo fogo de artilharia alemã. "O primeiro tiro esfacelou os três soldados", ele contou em suas memórias. Mas foi em frente. Na Batalha de Montese, em 14 de abril de 1945, os Aliados tiveram mais de 400 baixas entre mortos e feridos. Pires era um dos comandantes do 6º Regimento de Infantaria e salvou a vida do então capitão e depois general da reserva Plínio Pitaluga, que comandava o esquadrão de carros blindados M-8, ao avisá-lo de que havia um canhão antitanque alemão postado bem à frente e pronto para disparar. Se o esquadrão tivesse chegado à curva da rua, teria sido destruído pelo equipamento do inimigo.

Nas ruas estreitas das cidades italianas, a FEB enfrentou o combate urbano, então desconhecido por nossos soldados. Cada esquina era uma armadilha. "A impressão era que os alemães não aguentariam. Mas eles estavam feitos doidos", disse José Orlandino da Costa, do 6º Regimento, ferido na batalha.

A operação para a tomada de Montese começou às 9h35 do dia 14 de abril sob pesado fogo inimigo. O avanço inicial foi feito por dois pelotões. O primeiro demorou duas horas para vencer a reação alemã e tomar suas posições. O segundo parou diante de um campo minado. Seu comandante morreu com um tiro na cabeça, e a missão fracassou. Ao meio-dia, começou o ataque propriamente dito. Os pracinhas foram conquistando o íngreme terreno palmo a palmo. Ao cair na noite, as encostas da cidade estavam dominadas. A infantaria alemã, destroçada e desnorteada, abandonou suas posições e deixou seus mortos para trás. Na noite de 14 para 15 de abril, algumas tropas inimigas insistiram no combate atacando a cidade com cerca de 2800 tiros. Na manhã do dia 15, a FEB os rechaçou de vez. A conquista de Montese ajudou a romper a chamada Linha Gótica (linha de defesa alemã nos Apeninos) e mostrou o valor da FEB aos até então céticos americanos, nossos parceiros nas batalhas.


A morte dos 8 padioleiros
QUEM: 8 PADIOLEIROS

NASCIMENTO: BRASIL

ONDE ATUARAM: MONTE CASTELLO E MONTESE (ITÁLIA)

POR QUE SÃO HERÓIS? NÃO FORAM POUPADOS, APESAR DA SUA FUNÇÃO


Um monumento no Rio de Janeiro recorda e homenageia os 8 padioleiros brasileiros que morreram nos campos da Itália. Na frente do 1º Batalhão de Saúde da Vila Militar, em Magalhães Bastos, na Zona Norte do Rio, o monumento inaugurado em 1958 lembra a trajetória dos homens que, embora quase sempre desarmados, corriam tanto ou mais risco que os colegas soldados dos vários batalhões no conflito.

Os padioleiros eram os enfermeiros encarregados de recolher os mortos e transportar os feridos aos hospitais de campanha em padiolas (macas). Mesmo sob fogo cerrado, eles entravam no campo de batalha. E acabavam sendo alvejados da mesma forma que os outros mesmo não sendo combatentes. Teoricamente, eles estavam protegidos pelas convenções de guerra: ao ver seu uniforme característico, o inimigo não deveria abrir fogo contra eles.

Somente a Batalha de Montese registrou o quase aniquilamento de um pelotão de padioleiros que tentava socorrer os brasileiros sob fogo alemão. Segundo o relato do então capitão Adhemar Rivermar de Almeida, o impacto de uma granada que explodiu ao lado dos padioleiros matou três soldados. José Varela, natural de Ceará-Mirim (RN), acabou sendo homenageado com o nome de uma rua em Natal. No conflito, a FEB usava nove jipes-ambulâncias do Batalhão de Saúde, convertidos em veículos de transporte de feridos e doentes. Os carros levavam uma padiola atravessada na parte de trás, com os punhos assentados nas laterais. O jipe-ambulância ajudou a salvar da morte certa muitos dos mais de 2700 feridos da FEB no confronto. Os brasileiros também contavam com enfermeiras voluntárias que atuavam no transporte aéreo dos feridos. Eram aviões de carga convertidos em ambulâncias, com padiolas nas laterais. A presença das enfermeiras era uma exigência dos americanos, que pediram que fossem enviadas para compor o Quadro da Força-Tarefa da FEB. Apesar das perdas, nossos soldados conseguiram libertar Montese.


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