O cristianismo e o sexo - parte 2
Impressionados pela liberalidade sexual e vocação orgiástica da elite
romana, ainda majoritariamente não-cristã, os apologistas daqueles
primeiros tempos fizeram questão de manter uma marcada distância em
relação aos deuses e ritos pagãos e, inspirados pelos solitários "homens
do deserto", eremitas e anacoretas, inauguraram uma política de
completo repúdio ao sexo. Esse radicalismo - enfatizado pelas epistolas
de Paulinas - acentuou-se pela prática da abstinência carnal,
transformando-se num atrativo tão forte para novos seguidores como o
martírio dos crentes nas arenas romanas. Enquanto estes davam suas
entranhas para as feras devorarem, outros abandonavam as práticas
sexuais para sempre: o martírio e a castidade eram faces diferentes da
mesma moeda.
Havia muito simbolismo atrás disso tudo. Não só a
busca da perfeição atrás do "coração simples", mas uma nova visão do ser
humano, na qual ele somente poderia manter-se na frescura com que saiu
das mãos do criador permanecendo puro ou intocado. Sendo igualmente -
por meio da propaganda do ascetismo - uma forma peculiar de manifestar
abertamente seu protesto e desprezo pela época em que viviam, por sua
excessiva conscupsciência, sua impiedade, libertinagem e crueldade pagã.
Comentários
Postar um comentário