Quem é o Papa?

O excelente Catecismo de São Pio X diz que o Papa "é o sucessor de São Pedro, porque São Pedro reuniu na sua pessoa a dignidade de Bispo de Roma e de chefe da Igreja e porque, por disposição divina, estabeleceu em Roma a sua sede, e aí morreu. Por isso quem é eleito Bispo de Roma, é também herdeiro de toda a sua autoridade" (n. 192).
Quando Jesus Cristo fundou a Sua Igreja, ele deixou ao encargo dos apóstolos a continuidade de sua missão nesta terra, mas deu a Pedro um ministério especial, concedeu-lhe a primazia entre os doze. Isto se depreende não só da análise histórica dos primeiros séculos da era cristã, mas de várias passagens da Escritura. De fato, se é verdade que Cristo disse a seus discípulos: "Tudo o que ligardes sobre a terra será ligado no céu, e tudo o que desligardes sobre a terra será também desligado no céu" ( Mt 18, 18), também é verdade que só em Pedro afirmou que edificaria a Sua Igreja, que só a ele entregou de modo particular "as chaves do Reino dos céus" (Mt 16, 19) e que, mesmo depois de ter negado a Cristo por três vezes, o mesmo apóstolo recebeu novamente do Ressuscitado a missão de apascentar as Suas ovelhas (cf. Jo 21, 17).
Se não é possível negar a preferência de Jesus pelo apóstolo Pedro, tampouco é possível negar que este, tendo viajado para vários lugares para pregar o Evangelho, veio a ser martirizado em Roma, onde estabeleceu a comunidade que "preside à caridade na observância da lei de Cristo e que leva o nome do Pai", como escreveu Santo Inácio de Antioquia [1]. Em uma epístola enviada aos coríntios, Clemente, bispo de Roma, refere-se aos mártires Pedro e Paulo como "atletas que nos tocam de perto" [2], fazendo clara alusão ao seu martírio na cidade eterna. Outros documentos históricos que respaldam este fato estão citados na ótima "História Eclesiástica", de Eusébio de Cesareia [3].
Em suma, tendo morrido Pedro, sucederam-no outros na cátedra de Roma: Lino, Anacleto, Clemente, Evaristo, Alexandre, Sisto e, numa cadeia ininterrupta até os dias de hoje, Francisco. O Papa é sucessor direto do apóstolo Pedro e, mais que uma pessoa, representa um encargo, um múnus deixado pelo próprio Senhor.
É por este motivo que, diferentemente do que as pessoas e os meios de comunicação comumente pensam, um Papa não pode mudar o ensinamento constante e unânime do Magistério e da Tradição da Igreja. Sendo verdadeiro rei e detendo a missão de reger, santificar e governar todo o povo de Deus, ele exerce seu poder com autoridade, mas não de modo arbitrário. O Santo Padre é, antes de qualquer coisa, servidor. É depositário de uma mensagem cujo conteúdo essencial não pode violar, sob o risco de que o próprio edifício da Igreja venha abaixo.
Um fato particularmente interessante da história da Igreja ilustra essa verdade. Chamado a defender a humanidade e divindade de nosso Senhor, o glorioso Papa São Leão Magno enviou uma carta doutrinal aos bispos reunidos no Concílio de Calcedônia, na qual defendeu de forma tão brilhante o depósito da fé, que todos ali reunidos exclamavam, em uníssono: "Pedro falou pela boca de Leão" [4].
Por este motivo, todos os fiéis católicos alegram-se ao ouvir a voz do Pontífice repetindo as doces verdades que Cristo nos veio revelar... É como se ecoasse nos séculos a voz de São Pedro confirmando a fé de seus irmãos (cf. Lc 22, 32).
Por Equipe Christo Nihil Praeponere

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