A formação do pensamento político de Aldof Hitler

Voltaire Schilling


Boneco de cera de museu de Berlim,
na Alemanha, reproduz
Adolf Hitler em seu bunker
Acostumou-se a pensar ter sido Adolf Hitler, morto em 1945, uma vergonha dentro da civilização Ocidental e cristã, espécie de excrescência política sem raízes na nossa tradição. A indução a esse tipo de erro deve-se em parte à conceituação de ser essa civilização apresentada como um monopólio identificado com os princípios do humanismo, do liberalismo e da tolerância, omitindo-se discretamente sua latência colonialista, racista e agressiva, que germinava na cultura ocidental.

Antes de apresentarmos os argumentos necessários a refutar as considerações iniciais, acreditamos ser necessário alertar para as dificuldades que se antepõem àqueles que pretendem rastrear sua ideologia. Em primeiro lugar, Hitler sempre manifestou clara ojeriza ao intelectualismo, dando ênfase ao primado da vontade e da ação. Em segundo lugar, a totalidade da sua obra política ainda não foi reunida. Ele próprio empenhou-se em evitar uma edição dos seus discursos.

A razão disso é muito simples. Como todo e qualquer político de massas, ele foi é obrigado a realizar pronunciamentos muitas vezes contraditórios oscilando suas opiniões conforme o momento ou o público. Sendo crente no princípio da infalibilidade da liderança - o Führerprinzip - Hitler não admitia que encontrassem em seus pronunciamentos, incoerências ou idiossincrasias que causassem dúvidas ou lançassem sombras sobre sua integridade ideológica.

Portanto, enquanto não for realizado o levantamento completo de seus discursos, e boa parte deles se encontram transcritos no órgão oficial do partido nacional-socialista - o Völkischer Beobachter - devemos nos contentar com o Mein Kampf, publicado em 1925, ou as anotações feitas nas Tischgespraechen e ainda o Adolf Hitler in Franken.

Análises sobre Hitler
O papel de Adolf Hitler gerou uma bibliografia verdadeiramente pródiga e , em geral, de excelente nível; tais como as de Ernst Noite (Der Faschismus in seiner Epoche); a de Karl D. Bracher (Die deutsche Diktatur); a do historiador britânico Alan Bullock ( Hitler: a study of a tirany) e o mais recente trabalho de Joachim Fest (Hitler), que anteriormente já se havia consagrado com a notável Das Gesicht des Dritten Reiches.

Devemos lembrar ainda o livro do professor J.P. Stern (Hitler: the Führer and the people) editado a pouco menos de sete anos, caracterizado pelo seu esforço de síntese e brilho intelectual. Merecendo um especial destaque a imensa obra de Ian Kershaw editada em dois tomos: Hitler, 1889-1936 Hubris ; Hitler, 1936-1945 Nemesis, aparecidas em 1998 e 2000, e traduzidas para o português (Hitler, Companhia das Letras, 2009).

Quase todos esses trabalhos foram sob o prisma da interpretação liberal ou social-democratica, corrente que até agora se mostraram mais ativas na sua tentativa de compreensão do nacional-socialismo. Deve-se igualmente alertar que a personalidade de Hitler tem sido minuciosamente averiguada pelos adeptos da psico-história. No entanto basta passar os olhos sobre esse tipo de literatura para se ficar em dúvida sobre a sanidade, não de Hitler, mas a de seus psico-interpretes.

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